Conheço
Solange Padilha desde 1982, quando
participamos do Festival das Mulheres, organizado por Ruth Escobar, em São
Paulo. De lá para cá, publicou Saphographia
e Dadaandaainda nas décadas de 80/90.
Meticulosa, observadora e sensível, Solange elaborou, ao longo de 30 anos, estes
novos poemas, reescrevendo, à exaustão, o que parecia não ter fim. Ao completar
mais uma década de sua interminável meninice, Solange publica estes poemas em
sua última forma, o que consumiu sete meses para virem a lume. Perfeccionista in extremis, nada a contentava, até desenhar
sua própria capa – a difícil missão de dar rosto a um livro. Todo livro possui
a essência de seu autor, e esta pode demorar a se revelar, até que um sonho a
impulsione. Acompanhar esse processo foi tortuoso, pois um livro não caminha em
linha reta. Se é da natureza das coisas serem circulares e elípticas, este Escrita labial cumpriu todas as
rotações, translações e elipses possíveis, até se materializar. Um livro é um
ser, não um objeto. E, por mais estranho que seja, é um ser dotado de alma e
sentimento. O sentimento dos poemas é esse, de instigação, de perplexidade, de
caminho reencontrado, pois, para caminhar, foram necessárias algumas correções
de trajetória, feitas, uma a uma, como numa viagem intergaláctica. Solange atingiu
seu objetivo: Escrita labial se completou, descrevendo um traço, uma senda
sinuosa e estreita, por onde passam poucos viajantes.
Thereza
Christina Rocque da Motta,
poeta
e editora,
Membro
da Academia Brasileira de Poesia
e do PEN Clube do Brasil
orelha para o livro Escrita labial, de Solange Padilha,
publicado em dezembro de 2014
e do PEN Clube do Brasil
orelha para o livro Escrita labial, de Solange Padilha,
publicado em dezembro de 2014