Livros de poesia
são pièces de résistance. Quando tudo o mais parece fenecer, eles
sobrevivem dando novo fôlego a quem pensa que está no fim. Quando não há mais
nada a ser feito, os poemas são escritos, na solidão, na clausura, na prisão,
no exílio. As cantigas de amor e de amigo surgiram na distância. A poesia supre
quando se pensa não mais haver saída, porque é escrevendo que aprendemos a
esperar. E os que leem aprendem também. Como o poema de William Ernest
Henley, que Nelson Mandela leu durante 30 anos em sua cela, acreditando que um
dia iria sair de lá, invicto, com a cabeça erguida, como diz o poema. Muitos
poemas alimentam nossos sonhos e constroem a nossa fé. Seja escrevendo ou
lendo-a, a poesia tem sido o cimento para abrirmos as estradas para onde queremos
ir.
Minha tradução para
o poema de William Ernest Henley (1849-1903):
INVICTUS
William Ernest
Henley
(1875)
Diante da noite
escura que me cobre,
Como uma cova
aberta de um lado a outro,
Agradeço aos deuses
Por minha alma
invencível.
Nas garras vis das
circunstâncias,
Não titubeei, nem
chorei.
Sob os golpes do
infortúnio,
Minha cabeça sangra
ainda erguida.
Além deste vale de
iras e lágrimas,
Assoma-se o horror
das sombras,
E apesar dos anos
de ameaças,
Sempre me
encontrarão destemido.
Não importa quão
estreitas sejam as passagens,
Nem quantas
punições sofrerei:
Eu sou o senhor do
meu destino:
Eu sou o capitão da
minha alma.
Tradução: Thereza
Christina Rocque da Motta
William Ernest
Henley escreveu o poema em 1875, mas somente o publicou em 1892, numa coletânea
chamada "Echoes".
3/08/2016 - 14h51