Alberto Lins Caldas escreve a ranhura do poema, por onde risca a dura pedra, o esmeril, a fonte de toda força vital. O sangue percorre a pedra por onde o sulco se abre e atinge o ouvido, a sanha, a fome insaciada.
Alberto tem na pena uma haste que se lança à frente, para pinçar o fruto, trazer o medo para mais perto, aproximá-lo do olhar, desmistificá-lo, desmontá-lo e mostrá-lo simples, nu e cru, tal como ele é, sem outro viés senão ele mesmo.
A morte, a outra face da vida, é o mote que Alberto desnuda, ao perceber que o andar dos homens cruza infinitas vezes o caminho de outros homens, como estradas por toda a terra.
Os poemas de Alberto atravessam a garganta ao serem ditos, rascantes e puros, porque dizer o poema é o que resta da circunavegação dos sentidos, o que escapa da mente e sua compreensão, o que goteja do corpo pelas pontas dos dedos.
O poeta pontua pela vida como se buscasse a luz ante o paraíso e, distraído, desfizesse o ranço das feridas, na carne viva de seu senso, na altivez da humildade, na fecundidade de seus versos na alma de quem o lê.
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