sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Conversando com um revisor


Revisão é muito mais difícil do que você imagina. Faço isso há 33 anos. E ainda pego erros de cabo de esquadra. Ontem nesse texto que lhe mandei tinha: “espíritos invisíveis”. Você conhece algum que seja visível? Se for, ele se materializou, então deixou de ser espírito. Os erros também são dessa ordem. Não basta corrigir a gramática, tem que ter o entendimento do texto. 

Outro erro que peguei de tradução: “homem morto”. Ora, um homem morto é um defunto. Por mais que seja uma tradução literal, ela não é correta, porque ninguém se refere a alguém que morreu como “homem morto”. Quando eu digo que isso não é português, brigam comigo. As palavras estão em português, mas a expressão, não. 


Então, o outro problema é falta de vocabulário, seja para autores, revisores ou tradutores. E falta de cultura da língua. Aí ligam o chutômetro. Como editora, eu puxo a orelha de todos eles. Havia outra expressão que dizia “voava no ar”. Você já viu alguém voar em outro lugar? Basta dizer “voar” que está no ar. E por aí vai...

A função do editor é justamente essa: descobrir onde o autor, revisor e tradutor erraram. Além de autora, eu sou a editora que corrige, então sou obrigada a corrigir a mim mesma. Quando olho o texto que escrevi, tenho que ter a isenção necessária para criticar o meu próprio texto, algo que só ao me tornar editora consegui fazer. Como autora, eu erro, mas como editora, não posso errar.

27/09/2013 - 15h15