terça-feira, 21 de agosto de 2012

A poesia é a irmã pobre da música

A poesia é a irmã pobre da música. Enquanto a música anda de limosine, vestida de dourado, a poesia, que alimenta todas as artes, vaga ensimesmada e nua pelas praias do mundo, porque não tem mais nada a oferecer além dela mesma. Ninguém dá nada a ela nem aos poetas, só quando se tornam letristas e vendem sua poesia para outra arte, ou passam a escrever romances, aí sim, "livros de verdade", como já ouvi me dizerem.

Ser fiel à poesia é um ofício, uma missão, uma coisa de alma, que não se toma emprestado, nem se empresta a ninguém. Ou se tem ou não se tem. Como ela é mais díficil de se entender, mais difícil de se fazer, ou parece muito simples, é incompreendida, mas ela é a mais rápida ao transmitir ideias, é a mais concisa, a mais compacta, a mais sucinta.

Eu não preciso escrever um romance para dizer o que quero, pois um poema já diz tudo. Imagine levar tanto tempo escrevendo se um poema sintetiza todas as minhas ideias? Digo que há muito mais energia concentrada num poema do que num romance, pois o poema carrega muito mais energia em menos palavras, portanto, é mais potente. Um romance de 1.000 páginas não dirá o que digo em uma, pois levará muito mais tempo para se ler as mil páginas do que o meu poema.

O meu poema parece homeopático, mas ele é mais potente, muito mais concentrado, como todo remédio homeopático é, diluído à enésima potência, torna-se antimatéria. A função da antimatéria é extrair da matéria os seus excessos. Há um excesso de cálcio? Dê-se calcarium. Na homeopatia é tudo ao contrário. Nada se acrescenta, tira-se o que já se tem em demasia. A poesia (que rima com homeopatia) tira de nós o que temos em excesso: de tristeza, de melancolia, de apatia e nos deixa livres para ser quem somos, para amar, sentir, nos alegrar, pois nos mostra algum caminho de volta para nós mesmos.

19/08/2012

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