segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

NA BOULDER BOOK STORE

Há poucas coisas como tomar café numa livraria. Há um pouco de displicência ao sentar-se a uma pequena mesa, ou numa banqueta, e saborear um café como nenhum outro. Seja o que o tiver trazido até ali – um livro, esperar por um amigo ou apenas estar sozinho – o café parece uma continuação da leitura ainda não iniciada. Assim como o cartaz afixado à minha frente:

“Normalmente, a Book End’s tem mais fregueses do que cadeiras. Por favor, ajude-nos a resolver este problema oferecendo um lugar vazio na sua mesa a um amigo desconhecido, ou ceder a sua cadeira a um cliente novo, se já terminou sua refeição ou sua bebida. Lembre-se que você pode precisar dessa generosidade em outra vez. Obrigado.”

A música ambiente pode ser qualquer uma, desde que não deixe os espíritos exaltados. Um soft rock blues ou uma música clássica, dependendo do ânimo do DJ de plantão no equipamento. O som confunde-se com o barulho da máquina de café que não pára de fazer expressos e cappuccinos um atrás do outro.

Todos os detalhes do ambiente contam: o formato das cadeiras, feitas para acomodar donos de cabeças pensantes ou um bom papo. O desalinho dos frequentadores nada tem a ver com o que fazem – estão de passagem, não vieram para um encontro – embora possam se deparar com vários amigos, também de passagem, ou não ver ninguém conhecido. Apenas tomam seu café – pingado, descafeinado, carioca – e saem sobraçando um livro, um cartão ou mais um CD ou DVD. Mas o que realmente lhes deu o prazer complementar de estar ali foi o café, além do que vieram fazer – mesmo que fosse só passar o tempo – até seu próximo compromisso.

Thereza Christina Rocque da Motta
Boulder, 25/01/2005 – 16h50

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