sábado, 19 de setembro de 2009

O que aprendemos nos livros

Novo Dan Brown bate recorde de vendas
O Estado de S. Paulo - 18/09/2009 - Por Ubiratan Brasil
Em apenas um dia, um milhão de exemplares vendidos nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido - com poucas horas de vida, The Lost Symbol, primeiro livro do americano Dan Brown desde 2003, tornou-se o romance para adultos e em capa dura que mais vendeu naqueles países em um único dia. "É um fato histórico", comentou Sonny Mehta, presidente da editora Doubleday, filial da Random House e responsável pela edição do novo best-seller do autor de O Código Da Vinci.

Isso prova, por números, quanto as pessoas gostam de ler, e leem avidamente aquilo por que nutrem interesse. Não é porque Dan Brown é bestseller que ele é lido: ele se tornou bestseller porque tocou uma corda raramente tangida na alma humana - a sua identidade. Ao procurar "O símbolo perdido" (como se chamará no Brasil), procuram a si mesmos. Todo e qualquer livro só interessa se nele o leitor puder se ver, se encontrar, se perscrutar, se descobrir. Ontem ouvi uma das frases mais curiosas sobre esse tema: "O que aprendemos nos livros, não aprendemos no cotidiano". E quem disse isso é uma pessoa que normalmente não lê, mas leria, se soubesse, se tivesse certeza que esse tempo seria usado para nutrir o seu conhecimento com coisas que não aprenderia de outra forma.

O que me devolve ao tema do que aprendemos lendo os clássicos: não precisaríamos de livros de autoajuda se as pessoas soubessem o que encontrariam lendo romances, contos e poesia de autores renomados, ou mesmo de novos autores, mas se tivessem certeza que ao ler um texto de ficção, estariam encontrando uma forma de resolver o seu problema. O que dificulta essa procura é o modo de trabalhar como bula: tudo tem que ter receita. "Para isto, use aquilo". Se lêssemos ao acaso, descobriríamos também naturalmente o que estamos buscando, ou até, descobriríamos algo que não sabíamos que estávamos procurando.

Ao ler "Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres" de Clarice Lispector, descobri, aos 15 anos, que havia uma mulher em mim que queria nascer, como Lóri das águas do mar para poder encontrar o seu Ulisses. "Estar pronta" era um conceito que eu não conhecia, mas que aprendi ali, com Clarice, que para ser mulher era preciso preparar-se.

Qualquer livro pode ser um bestseller, desde que toque a alma humana.

Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2009 - 14h58

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